Aviso aos nossos inimigos:

"Pereçam miseravelmente aqueles que pensam que estes homens fizeram ou sofreram algo vergonhoso." (Filipe II da Macedônia sobre o Batalhão Sagrado de Tebas, o Exército de Amantes)

01 outubro 2016

Androfilia Nórdica

Homossexualidade na Idade Média - Vikings - Gay Vikings - Freyr e Surtr, de Lorenz Frølich
Freyr e Surtr, de Lorenz Frølich (1895)

 As sagas no idioma nórdico antigo não incluem histórias explícitas de relacionamentos afetivos e/ou sexuais entre homens, porém...

...elas contêm várias instâncias de vingança decretada por homens acusados de serem parceiros passivos numa relação sexual, o que era considerado comportamento "não viril" e, portanto, uma ameaça à reputação como líder ou guerreiro. Nas sagas e leis nórdicas, homens que fazem sexo com homens no papel ativo ou "viril" não eram discriminados como os parceiros passivos nas relações homossexuais (ver Ergi [em breve]).

Apesar disso, o estudioso francês Georges Dumézil sugeriu que Freyr, um Deus fálico da fertilidade e da virilidade (dito ser o que "concede paz e prazer sobre os mortais"), pode ter sido cultuado por um grupo de sacerdotes homossexuais ou efeminados, como sugerido por Saxão Gramático no século 12 em sua Gesta Danorum ("Feitos dos Danes", a mais antiga obra sobre a história da Dinamarca). Odin é mencionado como um praticante de seiðr, uma forma de magia considerada vergonhosa para os homens realizarem, de forma que era reservada para as mulheres. É possível que a prática de seidr envolvesse ritos sexuais passivos, e Odin, o rei dos Deuses nórdicos, foi acusado de ser um ergi.

Apesar de não ser foco deste blog (mas é interessante o suficiente para nos mostrar o quão heteronormativos eram os nórdicos [de acordo com as fontes cristãs sobre eles, que infelizmente são as únicas], em que para um homem divino fazer sexo com outro macho ele precisava se tornar temporariamente fêmea), alguns dos Deuses nórdicos são capazes de mudar de sexo à vontade, a exemplo de Loki, o Deus trapaceiro, que frequentemente se disfarça de mulher. Em um mito, ele transformou-se em uma égua e, depois de ter feito sexo com o garanhão Svadilfari, ele deu à luz um potro que cresceria e se tornaria Sleipnir, o corcel de oito patas de Odin.

O sociólogo David F. Greenberg destaca:

a princípio... a estigmatização não se estendia à homossexualidade masculina ativa. Para se vingar do desleal sacerdote Bjorn e sua amante Thorunnr na Saga Gudmundar "foi decidido colocar Thorunnr na cama com todos os bufões, e fazer isso com Bjorn, o sacerdote, o que não foi considerado menos desonroso". Desonroso para Bjorn, não para seus estupradores. No Edda, Sinfjotli insulta Gudmundr afirmando que "todos os einherjar (guerreiros de Odin em Valhalla) lutaram entre si para conquistar o amor de Gudmundr (que era homem)". Certamente ele não pretendia caluniar a honra dos einherjar. Então Sinfjotli se gaba de que "Gundmundr estava grávido de nove filhotes de lobo e que ele, Sinfjotli, era o pai". Se o papel homossexual masculino ativo tivesse sido estigmatizado, Sinfjotli dificilmente teria se gabado disso.

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