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Aquário no Prodromus Astronomia, de Johannes Hevelius (1690) |
Chegou a hora do artigo especial sobre a androfilia do signo de Aquário, o décimo primeiro dos signos do Zodíaco (as datas de início e fim de cada signo são as do período 2019-2020, pois as datas podem variar levemente a cada ano). Um alerta: aqui não tratarei dos aspectos astrológicos dos signos (no máximo bem superficialmente); quem quiser saber como cada signo é no amor, no sexo, no beijo, etc, o que não faltam são milhares e milhares de sites (literalmente) sobre o assunto. Então eu só faria chover no molhado (além de que eu não sou astrólogo).
Aquário
(21/01 a 19/02)
Aquário, do latim Aquarius ("carregador de água"), é uma das mais antigas constelações reconhecidas do Zodíaco. Ela foi uma das 48 constelações listadas pelo astrônomo do século 2, Cláudio Ptolomeu, e continua como uma das 88 constelações modernas. Ela se encontra na região frequentemente chamada de "O Mar" ou "A Água" devido à profusão de constelações com associações com a água, tais como Ceto (Baleia), Peixes, Capricórnio (a cabra marinha), Peixe Austral, Golfinho, Pégaso (filho do deus do mar Poseidon e associado às fontes de água) e o rio Erídano.
História
Aquário também estava associado às inundações destrutivas que os babilônios viviam regularmente e, portanto, era negativamente conotado. Conhecido como Enki entre os sumérios, é o deus criador da Mesopotâmia, e de seu sêmen divino foram formados os rios Tigre e Eufrates, os mais importantes da região, e também toda a vegetação do mundo.
Na astronomia do Egito antigo, Aquário estava associado à inundação anual do Nilo; dizia-se que as margens inundavam quando Aquário colocava seu pote no rio, iniciando a primavera.
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Aquário como um jarro vertendo água |
Na astronomia chinesa, o fluxo de água que flui do Jarro de Água era descrito como o "Exército de Yu-Lin" (Yu-lin-kiun ou Yulinjun). O nome "Yu-lin" significa "penas e florestas", referindo-se aos numerosos soldados de pés ligeiros dos confins do norte do império representados por essas estrelas de pouco brilho. As estrelas da constelação eram as mais numerosas de todas as constelações chinesas, com um número de 45, a maioria das quais localizadas na moderna Aquário.
Aquário também está associado à Era de Aquário, um conceito popular na contracultura dos anos 1960. A Era de Aquário nos EUA está associada aos hippies dos anos 1960 e 1970, e agora ao movimento New Age. Em ambos os casos, a chegada da era de Aquário foi associada à harmonia e compreensão, simpatia e confiança abundantes. Os anos 1960 viram o fortalecimento de movimentos sociais, sobretudo aqueles relacionados aos direitos civis dos negros, das mulheres e dos 'gays', como as Revoltas de Stonewall entre junho e julho de 1969 e o Movimento de Libertação Gay, que durou de 1969 até meados dos anos 1980. Apesar dessa proeminência, a Era de Aquário não se iniciará até o ano de 2597, pois uma era astrológica não começará até que o Sol esteja em uma constelação particular no equinócio vernal (até lá ainda estaremos na Era de Peixes [as eras zodiacais se sucedem na ordem inversa à das constelações do Zodíaco]).
Mitologia
Na mitologia grega, Aquário às vezes é associado a Deucalião, filho de Prometeu, que construiu um navio com sua esposa Pirra para sobreviver a uma inundação iminente. Eles navegaram por nove dias antes de desembarcarem no monte Parnaso, a montanha sagrada de Apolo e as Musas, próximo a Delfos.
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Ganimedes e a Águia de Zeus, de Bertel Thorvaldsen (1817) |
Outra figura associada ao portador da água é Cécrops I, um rei de Atenas que sacrificava água em vez de vinho aos deuses.
Saturno e Urano, os regentes
Sobre o planeta regente Saturno, você já viu no artigo especial sobre Capricórnio, com o qual esse planeta é mais associado. Vamos, então, nos concentrar apenas em Urano aqui.
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Cronos (Saturno) castrando seu pai Urano (séc. 17). Baseado em Polidoro da Caravaggio |
Urano é o moderno planeta regente de Aquário, descoberto apenas em 1781 por Sir William Herschel. Na mitologia grega clássica, Urano é a personificação do céu.
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Aquarius, de Lisa Iris |
Quando Cronos castrou Urano, do sangue que espirrou na terra surgiram as Erínias (Fúrias), os Gigantes e as ninfas Melíades. Além disso, ainda de acordo com a Teogonia, Cronos lançou os órgãos genitais de Urano no mar (Talassa), no qual "uma espuma branca se espalhou" e "cresceu" como a deusa Afrodite — embora, segundo Homero, Afrodite seja filha de Zeus e Dione, uma divindade do mar.
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A Mutilação de Urano por Saturno, de Giorgio Vasari e Cristofano Gherardi (1560) |
Como filha de Urano, Afrodite Urânia ("Afrodite Celeste") é distinguida da filha de Zeus e Dione (chamada Afrodite Pandemos, "Afrodite do Povo") pelo entendimento do filósofo Platão, que considera a de epíteto Urânia protetora do amor sexual entre homens, considerado por ele a forma mais pura de amor, enquanto a Pandemos cuidaria das outras formas de amor sexual entre os humanos.
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Aquarius, de HansPeterKolb |
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Aquário na moeda decorativa de 2 rublos, Rússia (2003) |
Na Grã-Bretanha, o uranismo se desenvolveu em duas tendências intelectuais relacionadas. Um foi um movimento vitoriano tardio na poesia que durou até o período entre as guerras mundiais e celebrava o amor pelos jovens do sexo masculino, ecoando a antiga tradição grega da pederastia. A outra era uma ideologia articulada por intelectuais como Edward Carpenter e John Addington Symonds, que foram muito influenciados pelas ideias do poeta e visionário estadunidense Walt Whitman sobre a democracia radical. Eles defendiam não apenas a tolerância aos homens que amam homens, mas também a quebra das barreiras de classe e gênero na sociedade vitoriana. Seu ideal era o amor másculo, um amor camarada entre iguais em uma verdadeira democracia, que para Carpenter uniria as até então "distantes fileiras da sociedade".
No entanto, tais sentimentos estavam em desacordo com outra corrente de pensamento popular, que associava o amor entre homens à corrupção da juventude e à decadência dos costumes sociais. A sensacional e condenatória cobertura da imprensa dos julgamentos de Oscar Wilde (1895) chamou a atenção do público para as transgressões de Wilde com jovens prostitutos. Os críticos sociais ligaram a homossexualidade masculina à decadência, forçando os escritores uranianos a uma postura defensiva e circunspecta, especialmente à luz das conotações pederásticas que o termo veio a adquirir (antes um termo nobre, agora um xingamento, uma ofensa horrível).
O termo "uraniano" acabou sendo substituído no uso popular por termos como "invertido" e "homossexual". O breve florescimento do uranismo entre os intelectuais da virada do século na Grã-Bretanha pode ser interpretado em parte como uma tentativa moderna inicial de definir uma identidade baseada em nossa afetividade e sexualidade e vinculá-la a uma filosofia social com visão de futuro.
Então é isso, galera! Espero que tenham gostado da pesquisa. Qualquer dúvida, contribuição, etc., é só deixar um comentário aí embaixo.
Um grande abraço e até o signo de Peixes!
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