(leia antes: Composição)
Segundo Plutarco, Górgidas originalmente distribuiu os membros do Batalhão Sagrado entre as fileiras da frente das falanges da infantaria regular. Em 375 AEC, o comando do batalhão foi transferido para o jovem beotarca Pelópidas, um dos tebanos exilados originais que liderou as forças que recapturaram a Cadmeia. Sob Pelópidas, o Batalhão Sagrado foi unido como uma única unidade de tropas de choque. Sua principal função era aleijar o inimigo, confrontando e matando seus melhores homens e líderes em batalha.
Invasões de Agesilaus II
O Batalhão Sagrado viu a ação pela primeira vez em 378 AEC, no início da Guerra Beócia (378–371 BCE). Foi durante o famoso impasse entre o comandante mercenário ateniense (e mais tarde strategos¹) Cábrias (m. 357 AEC) e o rei espartano Agesilau II (444–360 AEC). Antes da criação do Batalhão Sagrado sob Górgidas, os atenienses haviam ajudado os tebanos exilados a retomarem de Esparta o controle de Tebas e da cidadela Cadmeia. Em seguida, Atenas entrou abertamente em uma aliança com Tebas contra Esparta. No verão de 378 AEC, Agesilau liderou uma expedição espartana contra Tebas a partir da cidade beócia de Téspias (então ainda aliada a Esparta).
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Rei Agesilau II de Esparta. Ele foi coroado rei aos 14 anos de idade com apoio de seu erastês, o poderoso general Lisandro (arte de HMP) |
Agesilau primeiro enviou escaramuçadores para testar as linhas combinadas de Tebas e Atenas. Eles foram facilmente despachados pelas forças tebanas e atenienses, provavelmente por sua cavalaria mais numerosa. Agesilau então ordenou todo o exército espartano a avançar. Ele pode ter esperado que a visão das forças espartanas reunidas avançando resolutamente seria suficiente para intimidar as forças tebanas e atenienses até romper suas posições. A mesma tática havia funcionado para Agesilau contra as forças argivas na Batalha de Coroneia (394 AEC).
Foi durante esse período que Cábrias deu seu comando mais famoso. Com apenas 200 m de distância entre os dois exércitos, Agesilau esperava que as forças de Tebas e Atenas atacassem a qualquer momento. Em vez disso, Cábrias ordenou que seus homens parassem e descansassem. Em uníssono, seus hoplitas mercenários imediatamente assumiram a postura de repouso–com a lança apontando para cima em vez de para o inimigo, e o escudo apoiado no joelho esquerdo em vez de içado aos ombros. Górgidas, ao ver isso, também ordenou que o Batalhão Sagrado seguisse o exemplo, o que eles fizeram com a mesma precisão e confiança de exercícios militares. A audácia da manobra e a disciplina da execução foram tais que Agesilau interrompeu o avanço. Vendo que suas tentativas de provocar as forças tebanas e atenienses em combate em áreas mais baixas não tiveram êxito, Agesilau finalmente achou mais sensato retirar suas forças de volta para Téspias.
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Hoplita tebano com a maça de Hércules decorando o escudo (arte de C.Giannopoulos) |
Fébidas confrontou com seus peltastas (soldados de infantaria leve geralmente utilizados em escaramuças) o exército tebano que avançava. O assédio da infantaria leve aparentemente provou ser demais para os tebanos e eles começaram a recuar. Fébidas, esperando derrotá-los, perseguiu-os precipitadamente. No entanto, as forças tebanas subitamente se viraram e atacaram as forças de Fébidas. Fébidas foi morto pela cavalaria tebana. Seus peltastas desfizeram as fileiras e fugiram de volta para Téspias perseguidos pelas forças de Tebas. Além de Polieno, nenhum desses relatos menciona o Batalhão Sagrado pelo nome, mas, como eles estavam sob o comando de Górgidas, é provável que fizessem parte das forças tebanas envolvidas.
Pouco tempo depois, Agesilau montou uma segunda expedição contra Tebas. Depois de uma série de escaramuças que ele venceu com alguma dificuldade, ele foi forçado a se retirar novamente quando, ao se aproximar da cidade, o exército de Tebas saiu com força total. Diodoro observa neste momento que os tebanos enfrentaram os espartanos a partir de então com confiança. Górgidas desaparece da história entre 377 e 375 AEC, durante o qual o comando do Batalhão Sagrado foi aparentemente transferido para Pelópidas.
(continua em: História Militar – Batalha de Tegira)
Nota:
1. Strategos ("líder do exército"), em português estratego, é usado em grego com significado de general militar. Dele são derivadas palavras como "estratégia" e "estrategista" em português.
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