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"Pereçam miseravelmente aqueles que pensam que estes homens fizeram ou sofreram algo vergonhoso." (Filipe II da Macedônia sobre o Batalhão Sagrado de Tebas, o Exército de Amantes)

22 novembro 2019

Androfilia Zodiacal: Sagitário

Homossexualidade, Astrologia, Zodíaco, Mitologia, Sagitário
Sagitário no Prodromus Astronomia, de Johannes Hevelius
Chegou a hora do artigo especial sobre a androfilia do signo de Sagitário, o nono dos signos do Zodíaco (as datas de início e fim de cada signo são as do período 2019-2020, pois as datas podem variar levemente a cada ano). Um alerta: aqui não tratarei dos aspectos astrológicos dos signos (no máximo bem superficialmente); quem quiser saber como cada signo é no amor, no sexo, no beijo, etc, o que não faltam são milhares e milhares de sites (literalmente) sobre o assunto. Então eu só faria chover no molhado (além de que eu não sou astrólogo).

Sagitário
(22/11 a 22/12)

Sagitário (grego: Τοξότης Toxotes, latim: Sagittarius, palavras que em português significam "Arqueiro") é o nono signo astrológico, associado à constelação de Sagitário. Sob o zodíaco tropical, o Sol transita esse signo entre aproximadamente 23 de novembro e 21 de dezembro (variando levemente de ano a ano). O centro da Via Láctea fica na parte mais ocidental de Sagitário.

Moeda de 3 rublos (reverso) do Banco
da Rússia com a efígie de Sagitário (2003)
Na antiguidade clássica, Capricórnio era a localização do Sol no solstício de dezembro (inverno no hemisfério norte e verão no hemisfério sul), mas devido à precessão dos equinócios, isso havia mudado para Sagitário na época do Império Romano. No futuro, por volta do ano 2700, o Sol estará em Escorpião no solstício de dezembro.

Sagitário, parte humano e parte cavalo, é um centauro da mitologia, o curador instruído cuja inteligência superior forma uma ponte entre a Terra e o Céu. Também conhecido como Arqueiro, Sagitário é representado pelo símbolo de um arco e flecha. A mitologia grega associa Sagitário ao centauro Quíron, que orientou Aquiles, o maior herói aqueu na Guerra de Troia, no arco e flecha. Ele também foi o mestre de inúmeros outros heróis gregos.

Mitologia
Pabilsag no Zodíaco de Dendera, com a
constelação de Escorpião mirando seu pênis ereto
Os babilônios identificavam Sagitário como o deus Nergal, uma estranha criatura semelhante a um centauro disparando uma flecha de um arco. É geralmente representado com asas, com duas cabeças (uma de pantera e uma humana), bem como com o ferrão de um escorpião acima da mais convencional cauda de cavalo. O seu nome sumério Pabilsag é composto de dois elementos — Pabil, que significa 'parente paterno mais velho' e Sag, que significa 'chefe, líder'. O nome pode, portanto, ser traduzido como o 'Antecessor' ou 'Chefe Antepassado'. A figura é uma predecessora das representações modernas de Sagitário.

Homossexualidade na Grécia Antiga - Sátiro Arqueiro, de J.V. Jones
Sátiro Arqueiro,
de J.V. Jones
Na mitologia grega, Sagitário é geralmente identificado como um centauro: meio humano, meio cavalo. No entanto, talvez devido à adoção da constelação suméria pelos gregos, alguma confusão rodeie a identidade do Arqueiro. Alguns identificam Sagitário como o centauro Quíron, filho de Filira e Cronos, que teria se transformado em cavalo para escapar de sua ciumenta esposa Reia, e tutor de Jasão, líder dos Argonautas. Como existem dois centauros no céu, alguns identificam Quíron com a outra constelação, conhecida como Centauro (Centaurus). Ou, como uma tradição alternativa sustenta, Quíron inventou as constelações de Sagitário e Centauro para ajudar a guiar os Argonautas em sua busca pelo Tosão (Velocino) de Ouro.

Homossexualidade na Grécia Antiga - Jasão e Quíron, de Roger Payne
Jasão e Quíron, de Roger Payne.
Uma tradição mitológica concorrente, adotada por Eratóstenes, identificava o Arqueiro não como um centauro, mas como o sátiro Crotus, filho de Pan, que os gregos atribuíram à invenção do arco e flecha. Segundo o mito, Crotus frequentemente caçava a cavalo e vivia entre as Musas, que pediram que Zeus o colocasse no céu, onde ele é visto demonstrando tiro com arco. Foi Crotus quem inventou o aplauso, como forma de felicitar as artes das Musas. Pensa-se que vários detalhes de sua imagem estelar representassem as suas virtudes: a parte inferior do corpo de um cavalo por suas habilidades de cavaleiro; flechas por sua perspicácia e rapidez como caçador; um rabo de sátiro por ele ser tão deleitoso com as Musas quanto os sátiros são com Dioniso.

A flecha desta constelação aponta para a estrela Antares, o "Coração do Escorpião", e Sagitário está pronto para atacar caso a constelação de Escorpião atinja a constelação de Hércules nas proximidades, ou para vingar a morte de Órion por Escorpião.

Quíron, amante de heróis
Representação tradicional de Quíron com
pernas dianteiras humanas, roupas e seu arco.
Na mitologia grega, Quíron (grego Kheiron, "Mão", em referência a sua destreza) era chamado de "o mais sábio e mais justo de todos os centauros". Como filho de Cronos, o rei dos titãs, com a oceânida Filira, ele era meio-irmão dos grandes deuses do Olimpo, como Zeus, Poseidon e Hades. No entanto, ele foi educado por Apolo (com auxílio de Ártemis, sua irmã gêmea), ao mesmo tempo sobrinho e pai postiço de Quíron, que lhe ensinou as artes da medicina, da música, arquearia, caça, ginástica e profecia, fazendo-o sobressair-se de sua natureza bestial, diferenciando-se dos demais centauros. Por sua origem divina e por seus vastos conhecimentos, Quíron era adorado como um deus na Antiguidade, e por isso acredita-se que ele tenha sido originalmente um deus da Tessália, onde vivia, depois adicionado ao panteão grego.

Homossexualidade na Grécia Antiga - Quíron e Aquiles, de John Singer Sargent
Quíron e Aquiles,
de John Singer Sargent (1922-1925)
Nas representações gregas tradicionais de Quíron, suas pernas dianteiras são humanas, e não equinas; isso contrasta com a representação tradicional de centauros, que possuem toda a parte inferior do corpo de um cavalo. Ele também é frequentemente retratado vestindo roupas, demonstrando que ele é mais civilizado e diferente de um centauro normal. Suas representações com a parte inferior completamente equina começaram com os romanos.

Homossexualidade na Grécia Antiga - Quíron e Dioniso ou Aquiles
Quíron e Aquiles ou Dioniso, baseado
num afresco de Herculano, Itália
Embora fosse casado com a ninfa Cáriclo, que lhe deu três filhas e um filho, ou com Naís, que lhe deu como filho um certo Aristeu (não confundir com o mítico apicultor de mesmo nome, filho de Apolo), a relação de forte proximidade com seus alunos e o isolamento em que viviam no Monte Pélion na Tessália fomentou a imaginação dos poetas e artistas, que representaram com muito homoerotismo esses relacionamentos, sobretudo com Aquiles e Dioniso.

Homossexualidade na Grécia Antiga - Sagitário, de Alexander Novoselov
Sagitário, de Alexander Novoselov
(nascido em 1980)
Segundo Ptolemaeus Chennus de Alexandria (também chamado Ptolomeu Heféstion), do século II, "Dioniso foi amado por Quíron, de quem aprendeu cânticos e danças, os ritos e iniciações báquicas".

Aquiles, filho de Peleu e Tétis, foi o seu pupilo mais conhecido. Quando a mãe de Aquiles saiu de casa e voltou para as suas irmãs nereidas no fundo do mar, Peleu o levou para Quíron, que o recebeu como discípulo, e o alimentou com entranhas de leões e suínos selvagens e com medula de lobos. Pátroclo, companheiro e futuro amante de Aquiles, foi treinado por Quíron junto ao filho de Peleu. O pai de Pátroclo, Menécio, o deixou na caverna de Quíron para estudar ao lado de Aquiles os acordes da harpa, aprender a arremessar lanças, montar e cavalgar nas costas de Quíron. Pode-se dizer que foi sob a tutela de Quíron que o relacionamento dos dois futuros heróis da Guerra de Troia evoluiu de uma profunda amizade para um romance, descobrindo-se inseparáveis.

Homossexualidade na Grécia Antiga - Quíron e Aquiles, de Alexander Novoselov
Quíron e Aquiles, de Alexander Novoselov (nascido em 1980)
Júpiter, o regente de Sagitário
O planeta Júpiter, o gigante gasoso e maior planeta do Sistema Solar, rege o signo de Sagitário. O planeta recebeu o nome do rei dos deuses da Roma Antiga, Júpiter, a figura mais importante da mitologia e da religião romanas.

Homossexualidade na Grécia Antiga - Júpiter com o raio e a águia
Júpiter com o raio e a águia,
estátua romana do ano 150.
Infelizmente os romanos não lidaram muito francamente com o homoerotismo em sua mitologia como os gregos, de cuja mitologia eles amplamente se apropriaram ao identificarem os seus deuses com os deuses helênicos. Assim, Júpiter foi identificado com Zeus, o rei dos deuses da Grécia Antiga, e muitos dos papeis e mitos de Zeus foram passados para Júpiter, que também é chamado de Jove entre os romanos.

Na Grécia, Zeus tem muitas ligações com a diversidade sexual e de gênero: Aetos foi o seu primeiro amor, ambos ainda adolescentes em Creta, jovem que foi transformado na sua águia pela ciumenta Hera; tomou o lindíssimo príncipe troiano Ganimedes como seu amante e o levou para o próprio Olimpo (isso será mais amplamente relatado quando chegarmos ao signo de Aquário); também amou outro lindo rapaz, Eufórion, filho alado de Aquiles e Helena de Troia nascido no Elísio; assumiu a forma de sua filha Ártemis para seduzir a princesa Calisto; assumiu o papel de mãe ao literalmente dar à luz dois de seus filhos, Atena e Dioniso; gerou Órion num círculo de masturbação junto com Hermes e Poseidon, sem a presença de uma mulher; e, durante um sonho erótico, ele ejaculou enquanto dormia e seu sêmen, jorrado do céu sobre a terra, produziu um filho hermafrodita chamado Agdistis.

Contudo, o Júpiter romano em pouco ou nada herdou de Zeus essas ligações homoeróticas. Até onde consegui descobrir, eles importaram o mito do nascimento de Atena (para eles Minerva) da cabeça de seu pai, e só. Os romanos também tinham a sua versão de Ganimedes, chamada de Catamito (Catamitus), que acabou se tornando um apelido comum, e por vezes carinhoso, de jovens rapazes que assumiam o papel passivo (receptivo) em relações sexuais com homens mais velhos. Infelizmente não encontrei relatos literários diretos de uma relação amorosa entre Júpiter e Catamito, mas os romanos produziram obras em mármore mostrando Catamito/Ganimedes com a águia de Júpiter (ou o próprio Júpiter transformado em águia).

Homossexualidade na Grécia Antiga - Catamito e Júpiter, Ganimedes e Zeus
Arte romana representando o jovem Catamito e Júpiter em forma de águia (séc. 1 AEC).
Notem como Catamito acaricia com amor a cabeça fálica da águia.
Uma curiosidade: a maior lua do planeta Júpiter foi batizada de Ganimedes pelo astrônomo alemão Simon Marius pouco tempo depois de sua descoberta por Galileu Galilei em 1610; é a única lua de Júpiter a ter um nome masculino, e todas as suas luas receberam nomes de amantes do rei dos deuses.

Os gregos antigos alternativamente chamavam o planeta Júpiter de Faéton ou Faetonte (Phaethon, "Brilhante, Incandescente"), em referência ao semideus filho de Hélio, o Sol, amado pelo rei Cicno da Ligúria.

Quanto à androfilia nos mitos de Zeus, eles já foram ou ainda serão tratados mais a fundo aqui no blog, então não vou me demorar mais por agora.

Homossexualidade na Grécia Antiga - Taça Warren (Warren Cup)
Taça Warren (Warren Cup).
Arte romana do século I mostrando em cada face um casal de homens em ato sexual,
sendo que o mais novo em cada casal é o passivo e chamado de catamitus.

Então é isso, galera! Espero que tenham gostado da pesquisa. Qualquer dúvida, contribuição, etc., é só deixar um comentário aí embaixo.

Um grande abraço e até o signo de Capricórnio!

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