Batalhão Sagrado de Tebas – Composição

O aperfeiçoamento do corpo nos ginásios era essencial para o ingresso no exército,
e também era nesses espaços que se formavam os laços entre amante e amado
(arte de H M Gerget)

(leia antes: Formação)

 Segundo Plutarco, os 300 homens selecionados a dedo foram escolhidos por Górgidas puramente por habilidade e mérito, independentemente da classe social. O batalhão era composto por 150 casais masculinos, cada par constituído por um erastês mais velho (ἐραστής, "amante") e um eromenos mais jovem (ἐρώμενος, "amado").

Ateneu de Náucratis também registra o Batalhão Sagrado como sendo composto de "amantes e seus favoritos, indicando assim a dignidade do deus Eros, na medida em que eles abraçam uma morte gloriosa em preferência a uma vida desonrosa e repreensível", enquanto Polieno descreve o Batalhão Sagrado como sendo composto por homens "devotados uns aos outros por obrigações mútuas de amor". A origem da denominação "sagrado" do Batalhão Sagrado não é explicado por Dinarco e outros historiadores. Mas Plutarco alega que era devido à troca de votos sagrados entre amante e amado no santuário de Iolaus (o principal amante masculino de Hércules) em Tebas. Ele também menciona tangencialmente a caracterização de Platão do amante como um "amigo inspirado por Deus" (Eros).

Eros entre Hércules (direita) e Iolaus (esquerda),
arte etrusca do século IV AEC

O Batalhão Sagrado ficava estacionado na Cadmeia como uma força permanente, provavelmente como defesa contra tentativas futuras de forças estrangeiras de tomar a cidadela. Ocasionalmente, era chamado de "Batalhão da Cidade" (ἐκ πόλεως λόχος, ek póleos lókhos), devido ao seu treinamento militar e a moradia serem fornecidos às custas da pólis beócia. Seu treinamento regular incluía luta livre e dança. O historiador James G. DeVoto ressalta que Górgidas já serviu como hiparca (oficial da cavalaria), portanto, provavelmente, também era fornecido treinamento equestre. As idades exatas dos membros da unidade não são registradas em testemunhos antigos. No entanto, comparando-os com a unidade de elite espartana hippeis (ἱππεῖς, coorte de infantaria [tropa a pé], apesar do nome implicar cavalaria) selecionados entre os melhores hēbōntai ("homens jovens" [um hēbōntes tinha de 20 a 29 anos) e os recrutas atenienses epheboi (ἔφηβοι, "efebos"), DeVoto estima que os treinandos eram introduzidos como membros de pleno direito ao Batalhão Sagrado entre 20 e 21 anos, quando recebiam um conjunto completo de armadura por seus erastai (amantes). Eles provavelmente terminavam o serviço aos 30 anos (ou seja, os casais não deveriam ter mais do que 10 anos de diferença de idade entre cada par de amante e amado).

(continua em História Militar – Invasões de Agesilau II)

EXTRA: [Vídeo] O Batalhão Sagrado - Um 300 Alternativo

 Tradução da descrição do vídeo: "Graças a[o filme] 300, todos estão familiarizados com as tropas espartanas e o poder militar espartano. Mas vamos falar sobre os 300 que serviram ao exército tebano. Uma força de elite de tropas de choque, esses 300 homens eram bem treinados, temíveis na batalha e foram os primeiros a derrotar os espartanos tendo uma força menor. Esta era o Batalhão Sagrado e eles tinham um truque muito importante na manga: o poder literal do amor. Sim. Cada membro do Batalhão Sagrado lutava ao lado de seu parceiro."

Divirta-se aprendendo. Ou aprenda se divertindo.

Obs.: Legendas embutidas, infelizmente sem português (até a publicação deste post). Mas tem em espanhol, se for de ajuda.