Constelação de Peixes na Uranografia de Johannes Hevelius (1690) |
(20/02 a 20/03)
Peixes, do latim Pisces, é uma das mais antigas constelações reconhecidas do Zodíaco. Ela foi uma das 48 constelações listadas pelo astrônomo do século II, Cláudio Ptolomeu, e continua como uma das 88 constelações modernas. Ela se encontra na região frequentemente chamada de "O Mar" ou "A Água" devido à profusão de constelações com associações com a água, tais como Ceto (Baleia), Aquário, Capricórnio (a cabra marinha), Peixe Austral, Golfinho, Pégaso (filho do deus do mar Poseidon e associado às fontes de água) e o rio Erídano.
História
Peixes no Atlas Coelestis de John Flamsteed (1729) |
Mitologia
O tema do peixe tem significado simbólico em muitas culturas e religiões.
A constelação de Peixes está associado à lenda grega de que Afrodite e seu filho Eros se transformaram em peixes ou foram resgatados por dois peixes para escapar do gigantesco monstro Tífon.
Na versão grega de acordo com Higino, Afrodite e Eros enquanto visitavam a Síria fugiram do monstro Tífon saltando no rio Eufrates e se transformando em dois peixes. A variante romana da história contada por Ovídio mostra Vênus e Cupido (homólogos de Afrodite e Eros) levados desse perigo nas costas de dois peixes. Como se sabe, tanto Afrodite (em sua faceta de Urânia) como Eros são associados ao amor masculino, comumente considerados seus patronos.
Há também um conto de origem diferente que Higino preservou em outro trabalho. De acordo com essa versão, um ovo rolou para o Eufrates, e alguns peixes o empurraram para a praia, após o que pombas pousaram no ovo até que Afrodite (doravante chamada de Deusa Síria) saísse dele. Os peixes foram então recompensados ao serem colocados nos céus como uma constelação. Esta história também foi registrada pelo Terceiro Mitógrafo do Vaticano.
Ainda que não diretamente ligados à constelação de Peixes, outros mitos relativos a peixes têm relação com o amor masculino e a sexualidade masculina. Poseidon, o deus do mar que já teve alguns amantes masculinos, também tem uma associação divina com os peixes, sendo considerado o deus da pescaria. O atum é seu atributo, e em Lâmpsaco, na atual Turquia, ofereciam peixes a ele.
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Piscis, José Arija (1904) |
Os peixes também são um símbolo importante de Enki, o deus da água na antiga Mesopotâmia, cujo sêmen ejaculado criou os rios Tigre e Eufrates.
Os primeiros cristãos usaram o ichthys, um símbolo de um peixe, para representar Jesus, porque a palavra grega para peixe, ΙΧΘΥΣ Ichthys, poderia ser usada como um acrônimo para "Ίησοῦς Χριστός, Θεοῦ Υἱός, Σωτήρ" (Iesous Christos, Theou Huios, Soter ), que significa "Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador". Diz-se que a história do nascimento de Cristo é o resultado do equinócio da primavera no hemisfério norte entrando em Peixes, quando o Salvador do Mundo apareceu como o Pescador de Homens. Isso é paralelo à entrada na Era de Peixes, que astrólogos dizem ter começado por volta do ano 1 e terminará em torno de 2150.
Lendas de sereias meio humanas e meio peixes são comuns no folclore, recontadas nas histórias de Hans Christian Andersen, cuja obra-prima, A Pequena Sereia, foi escrita como uma carta de amor de Andersen para outro homem, Edvard Collin, que tinha ficado noivo de uma mulher na mesma época em que o conto estava sendo escrito.
Júpiter e Netuno, os regentes
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Júpiter, Netuno e Plutão (1597), de Caravaggio |
Para conhecer a relação da mitologia do planeta Júpiter com o amor masculino veja o artigo sobre a androfilia zodiacal de Sagitário, onde contei os mitos dos dois únicos amantes masculinos de Zeus/Júpiter, Aetos, Ganimedes e Eufórion. Ganimedes, que na mitologia romana é chamado de Catamito, é o jovem príncipe troiano representado na constelação de Aquário, presente dado aos pais dele para comemorar o amor do rei dos deuses pelo lindíssimo rapaz.
Poseidon/Netuno, que é um incansável competidor de seu irmão Zeus/Júpiter, também tem sua cota de célebres amantes masculinos. Já contei aqui a estória do amor dele com Nerites, cuja união gerou um filho, Anteros, deus do amor correspondido.
Outro renomado amante de Poseidon foi o príncipe Pélops, que mais tarde seria rei da região que recebeu o seu nome, o Peloponeso, e criaria os antigos Jogos Olímpicos, levando-o para viver com ele por um tempo no Monte Olimpo. De acordo com Ptolomeu Heféstion (também chamado Ptolomeu Queno), Pátroclo, o amado de Aquiles, também se tornou amante de Poseidon, que lhe ensinou a arte de andar a cavalo. Em outra ocasião escreverei artigos sobre estes dois amores do deus do mar.
Então é isso, galera! Espero que tenham gostado da pesquisa e de toda a série Androfilia Zodiacal. Qualquer dúvida, contribuição, etc., é só deixar um comentário aí embaixo.
Um grande abraço!
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