Concubinos do rei, homens que se tornam "esposas" de outros homens e o "pecado de Onan" — o Havaí de antes do contato europeu tinha de tudo!
A maioria dos viajantes "LGBTs" ao Havaí pensa que as ilhas são uma sociedade lânguida, um lugar 'hang loose' de políticas tolerantes onde diferenças culturais são facilmente celebradas. Mas poucos turistas imaginam o quão diversos em sexualidade (e gênero) o Havaí era antes que os europeus aparecessem.
Foi em 1779 que o célebre explorador dos Mares do Sul, Capitão Cook, tornou-se o primeiro não-polinésio oficial a chegar ao Havaí. Foi na estadia na Ilha Grande que Cook encontrou sua morte após uma escaramuça com os nativos. Mas, antes de sua morte, sua tripulação manteve diários detalhados sobre os estranhos acontecimentos da ilha. Eles aprenderam sobre concubinos(as) (muitas vezes masculinos) cuja ocupação, como dizem os diários, "é cometer o Pecado de Onan sobre o velho Rei" — uma referência a sexo oral. "É um ofício que é considerado honroso entre eles", continuou o chocado escritor do registro, "e eles frequentemente nos perguntam sobre ver um jovem bonito dos nossos se ele não era um Ikany [aikane] para alguns de nós".
A palavra havaiana aikane se referia a todo um grupo de pessoas que recebiam status político e social especial como resultado de um papel sexual para com a realeza, e que aumentavam seu mana, ou poder espiritual, dessa forma, já que acreditava-se que a realeza descendia dos Deuses. Os marinheiros de Cook registraram que os reis de Maui, Kauai e Ilha Grande todos eles tinham aikanes masculinos. "Uma inversão chocante das leis da natureza, eles conferem todas aquelas afeições sobre eles que foram destinadas para o outro sexo", engasgou uma entrada de registro. "Eles falam dessa prática infernal com toda a indiferença do mundo."
Estátua de Kamehameha I, o Grande, unificador e fundador do Reino do Havaí |
O texto original ainda fala sobre deviações de gênero, como 'travestismo' e 'transexualidade', mas estes fogem do escopo deste blog, e por isso não os trarei aqui. Mas é de se notar que a palavra mahu, que historicamente se refere a homens que se vestem e se comportam como mulheres (o que nós chamaríamos de 'travestis') e até se casam com outros homens, hoje em dia tem sido frequentemente usada de maneira depreciativa para descrever um homem afeminado ou um homem 'gay' em geral.
Mas ainda há esperança de que a história se repita, e o 50º estado estadunidense possa recorrer a suas antigas tradições para se tornar um pioneiro da tolerância no século XXI.
Texto traduzido de Hawaii’s Polysexual Past. Tradução feita pelo dono deste blog. Então, por favor, não publiquem esta tradução em qualquer outro lugar sem a referência a esta página. Obrigado.
Homens dançam a hula, a dança sagrada do Havaí |
Texto traduzido de Hawaii’s Polysexual Past. Tradução feita pelo dono deste blog. Então, por favor, não publiquem esta tradução em qualquer outro lugar sem a referência a esta página. Obrigado.
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