Orfeu, de Franz von Stuck (1891) |
Fânocles foi um poeta grego que atuou provavelmente na época de Alexandre Magno. Entre seus temas preferidos estava a pederastia, a expressão mais comum de amor entre homens na Grécia Antiga. Ele foi autor de um poema sobre pederastia intitulado Amor ou Belos Rapazes (grego antigo: Ἔρωτες ἢ Καλοί, Érotes í Kaloí).
Um longo fragmento desse poema descreve o amor de Orfeu pelo jovem Calais, filho de Bóreas (o vento norte), e sua subsequente morte nas mãos das mulheres da Trácia. Érotes í Kaloí descreve, entre outros, o amor entre Dioniso e Adônis, Cicno e Faéton, Tântalo e Ganimedes, e Agamenon e Argino. Esse é considerado um dos melhores exemplos da poesia elegíaca grega. (Elegia é uma poesia triste, melancólica ou complacente, especialmente composta como música para funeral, ou um lamento de morte.)
AVISO: A tradução publicada a seguir foi feita pelo dono deste blog. Então, por favor, não publiquem esta tradução em qualquer outro lugar sem a referência a esta página. O texto original, em grego e em inglês, vocês encontram aqui.
Espero que apreciem.
Orfeu Encantando os Animais, de Gustave Surand (1860-1937) |
Ou como Orfeu trácio, filho de Eagro,
amava Calaïs, filho de Bóreas, com todo o seu coração
e muitas vezes ele se sentava nos bosques sombrios cantando
o desejo do seu coração; nem seu espírito estava em paz,
mas sempre sua alma se consumia de insônia
quando olhava para o belo Calaïs.
Mas as mulheres bístones de engenhos malignos
mataram Orfeu, tendo lançado sobre ele suas espadas afiadas,
porque ele foi o primeiro a revelar os amores masculinos
entre os trácios e não recomendava o amor das mulheres.
As mulheres cortaram a cabeça dele com o bronze
e logo a jogaram no mar com sua lira trácia de tartaruga,
prendendo-as com um prego, para que ambas fossem
carregadas no mar, encharcadas pelas ondas cinzentas.
O mar tenro as trouxe para pousar na sagrada Lesbos [...]
e assim o soar claro da lira dominava o mar,
as ilhas e as praias encharcadas de mar,
onde os homens deram à cabeça de Orfeu seus ritos fúnebres
e no sepulcro puseram a lira brilhante, que costumava
persuadir até as rochas mudas e a odiosa água de Fórcis.
Daquele dia em diante, canções e adoráveis liras
tocaram na ilha e é a mais melodiosa de todas as ilhas.
Quanto aos belicosos homens trácios,
quando tomaram conhecimento dos feitos selvagens
das mulheres e a dor terrível que havia se infundido
em todos eles, começaram o costume de tatuar suas esposas,
de modo que, tendo em sua carne sinais de azul-escuro,
não esqueceriam seu odioso assassinato.
E mesmo hoje, as mulheres prestam reparações
ao morto Orfeu, por causa desse pecado.
Os boréadas Calais e Zetes perseguindo as harpias, em A Perseguição das Harpias, de Erasmus Quellinus II (1630) |
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