Joseph-Désiré Court: A Morte de Hipólito (1825) |
A virtude de Hipólito
Na mitologia grega, o príncipe Hipólito (grego Hippolytos, "cavalo[s] solto[s]", uma referência à forma como ele morreu) era filho de Teseu e da amazona Antíope (em outra versão filho da irmã de Antíope, a rainha amazona Hipólita). Ele era identificado com o deus romano das florestas Vírbio (Virbius, do latim vir bis, "homem duas vezes", pois de vir vem o português "viril").
Fedra acusando Hipólito para Teseu (autor desconhecido, escola alemã, séc. 18) |
Suicídio de Fedra
A versão do antigo dramaturgo grego Eurípides mostra a ama de Fedra contando a Hipólito sobre o amor da rainha. Hipólito jurou que ele não revelaria que a ama fora a fonte da informação — mesmo depois de Fedra se matar e falsamente acusá-lo de estuprá-la num bilhete de suicídio, que Teseu leu.
Hipólito sendo arrastado por seus cavalos aterrorizados por um monstro |
O lugar da tragédia algumas vezes é mencionado ter sido em Trezena, na Argólida (Peloponeso, Grécia), onde Teseu nasceu e onde Hipólito vivia e ergueu um templo em honra de Ártemis Liceia ("Ártemis dos Lobos") e onde um culto em torno do túmulo (e posteriormente um templo também) do príncipe se desenvolveu, em que as garotas trezenas tradicionalmente dedicavam uma mecha dos seus cabelos a ele antes do casamento, costume instituído pela própria Ártemis.
Jean-Baptiste Lemoyne: A Morte de Hipólito (1715) |
Vingança de Afrodite
De acordo com algumas fontes, Hipólito rejeitou o culto a Afrodite que seu pai instituíra em Atenas como forma de manter o povo unido pelos laços do amor em razão de se tornar um devoto de Ártemis, deusa eternamente virgem, rejeitando a companhia de mulheres e dedicando-se à casta vida de um caçador. Em retaliação, Afrodite fez Fedra se apaixonar por ele. A rejeição de Fedra por Hipólito levou à sua morte ao cair da sua carruagem.
O amor o trouxe de volta
Como resultado, um culto cresceu em torno de Hipólito, associado ao culto de Afrodite. Seus seguidores acreditavam que Ártemis, que o amava castamente, pediu a Asclépio, filho de Apolo e deus da medicina, para ressuscitar o rapaz por ele ter feito voto de castidade a ela. Segundo o teólogo cristão e estudioso da cultura clássica Clemente de Alexandria (c. 150 – c. 215 EC), ao trazer Hipólito de volta à vida Asclépio se apaixonou por ele (mas não é mencionado se Hipólito correspondeu a esse amor, mas sabemos que o voto de castidade dele era direcionado especificamente ao sexo feminino).
De acordo com algumas fontes, Hipólito rejeitou o culto a Afrodite que seu pai instituíra em Atenas como forma de manter o povo unido pelos laços do amor em razão de se tornar um devoto de Ártemis, deusa eternamente virgem, rejeitando a companhia de mulheres e dedicando-se à casta vida de um caçador. Em retaliação, Afrodite fez Fedra se apaixonar por ele. A rejeição de Fedra por Hipólito levou à sua morte ao cair da sua carruagem.
O amor o trouxe de volta
Jovem Asclépio (romano Esculápio), período romano |
Na Clementina Homilia ("Homilia de Clemente"), V, 15, está escrito:
"... o próprio Zeus amou Ganimedes... e Asclépio amou Hipólito."
Em outra obra, Clemente é citado como tendo elencado uma quantidade de deuses e heróis que amaram o mesmo sexo, entre eles novamente lemos "Asclépio amou Hipólito".
Posteriormente, o culto de Hipólito foi associado também ao de Asclépio em Trezena e em Atenas.
Seguindo o exemplo de Orfeu
Hipólito e Fedra, afresco de Pompeia |
"Há uma prática que eu nunca toquei", ele explica ao pai, "embora seja exatamente por isso que você me ataca: amor físico. Até agora eu nunca fui para a cama com uma mulher. Tudo o que sei sobre sexo é o que eu ouço, ou encontro em imagens."
O grifo é meu. Infelizmente Eurípides não era afeito ao amor masculino, pelo que se pode inferir de sua vida pessoal (teve duas esposas [não ao mesmo tempo, claro, pois isso não era permitido na Grécia antiga], mas não se sabe de nenhum homem que ele tenha amado) e suas peças se focam em tragédias ocorridas em relacionamentos de sexos opostos ("heterossexuais"), com protagonismo sobretudo feminino, e não me lembro de nenhuma menção a amor entre homens em suas obras.
Bom, voltemos à estória de Hipólito...
Hipólito na Itália
Pausânias relata uma história sobre Hipólito que difere da versão apresentada por Eurípides.
Hipólito foi ressuscitado por Asclépio; uma vez revivido, ele se recusou a perdoar Teseu (enquanto em Eurípides ele perdoa o pai) e foi para a Itália, tornando-se o rei dos aricianos e nomeou uma cidade em homenagem a Ártemis. Ele governou como Vírbio (Virbius, do latim vir bis, "homem duas vezes", já que Hipólito estava vivendo uma segunda vez) de dentro do santuário de Diana (deusa romana equivalente a Ártemis). O santuário proibia a entrada de cavalos, e é por isso que se acredita que ele viveu lá. A história de Hipólito é diferente de Eurípides porque o traz de volta dos mortos para viver sua vida na Itália, enquanto Eurípides o conecta permanentemente ao seu túmulo em Trezena, no Peloponeso, próximo a Epidauro, onde nasceu Asclépio e onde o deus da medicina era mais cultuado.
Sarcófago com cenas do mito de Fedra e Hipólito (século 2 EC) |
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