Falicismo, uma introdução

Falos gigantes de mármore no Stoibadeion (templo de Dioniso em Delos, Grécia), erigido por Carístios, cerca de 300 AEC

"O Falicismo esteve, portanto, na raiz de toda religião e era definitivamente o oponente do mal e das trevas."

— Rollo Ahmed, The Black Art (1936)

 A partir deste artigo darei início a mais uma série de artigos especiais, desta vez dedicada à adoração do Falo (o órgão sexual masculino como símbolo dos poderes criativos da Natureza), um conjunto de crenças quase tão antigo quanto o homem e espalhado por todo o mundo, mas que nos tempos modernos é seguido quase que exclusivamente por homens atraídos por homens, pelo menos em suas formas mais explícitas (pois o Falicismo, como veremos nesta série, pode ser atestado em diversos sistemas de crenças tradicionais, em graus variados de explicitação, como o Cristianismo, Hinduísmo, Budismo e Xintoísmo, entre muitos outros).

Então, preparados para eu introduzir o Falo (ops!) e o Falicismo?

Falicismo ou Falismo é o culto do princípio generativo simbolizado pelos órgãos sexuais masculinos, sobretudo o pênis (o Falo, especialmente quando ereto).

Pênis eretos de madeira. Kuta, Bali, Indonésia

As mais importantes formas de rituais sexuais são aquelas que envolvem intercurso (sexo com penetração), acreditando-se que elas promovem a fertilidade; aquelas que liberam uma inundação de energia criativa ao romper limites; aquelas que fazem retornar uma cultura ao estado de caos primordial e poderoso (como as orgias durante os festivais de Ano Novo); ou aquelas em que o intercurso sexual simboliza a união dos opostos (como a alquimia ou o Tantrismo [um sistema de meditação esotérica hindu]).

Em outras tradições, objetos de adoração são representações do órgão sexual masculino (como o Falo carregado nas procissões dionisíacas na Grécia e em Roma; e o lingam na Índia) ou divindades com genitais proeminentes (como Priapo na Grécia e Kurupi no Brasil). Nessas instâncias, os poderes de criação que o órgão sexual representa, mais que o órgão em si, são adorados.

Fonte

Falo gigante sobre coluna com a imagem de
um galo, também símbolo fálico, no Stoibadeion 

Em geral não se faz distinção entre os termos Falismo e Falicismo, ou essa distinção não é muito clara. Como substantivos, a diferença entre o Falicismo e o Falismo é que o Falicismo é a adoração do pênis ou Falo, especialmente ligado à fertilidade, enquanto o Falismo é a adoração do Falo (pênis) como símbolo do poder gerador masculino. Ou seja, não há realmente uma diferença clara entre os dois, o que significa que se pode usá-los como sinônimos. Eu particularmente gosto de fazer a seguinte distinção: Falismo seria a adoração do Falo em si (seja o Deus Falo ou o pênis do homem como avatar do Deus Falo) e Facilismo seria a adoração em torno da simbologia fálica (como deuses fálicos, santos fálicos, imagens fálicas, etc.), e dessa forma o Falismo estaria dentro do Falicismo, talvez como seu elemento mais central. De qualquer forma, Falicismo é o termo mais comum, e, segundo a minha própria visão, mais abrangente quando se trata do culto ao Falo.

Fiquem atentos às futuras postagens sobre o assunto, pessoal. Ah, e uma pequena explicação: eu prefiro escrever o nome "Falo" com inicial maiúscula porque, seguindo os objetivos deste blog, considero-o o nome próprio da entidade, ou deus, que encarna as energias masculinas da Natureza, representada pela figura do pênis ereto. E será o próprio Falo o tema da próxima postagem desta série, em todo o seu poder e glória.