Aviso aos nossos inimigos:

"Pereçam miseravelmente aqueles que pensam que estes homens fizeram ou sofreram algo vergonhoso." (Filipe II da Macedônia sobre o Batalhão Sagrado de Tebas, o Exército de Amantes)

19 abril 2025

Androfilia na história e na mitologia nativa brasileira

Piatã (Rodrigo Simas) em Novo Mundo

 No Brasil, o Dia dos Povos Indígenas, comemorado anualmente em 19 de abril, reconhece e homenageia os povos originários do Pindorama/Brasil. Você conhece os mitos e lendas de desejo homomasculino dos primeiros brasileiros?

Fazia muito tempo que eu vinha querendo escrever este material aqui no blog, mas a imensidão da tarefa, e também a dificuldade em descobrir fontes confiáveis, sempre me faziam postegá-lo. Ainda é um apanhado curto, apesar de longo, de muito mais coisa que pode ser encontrada em livros e na internet, e, com o tempo, pretendo trazer novos artigos focados nos mitos e lendas nativos brasileiros nos quais podemos encontrar elementos de androfilia (atração, desejo, amor e sexo entre homens).

O texto é um pouco longo, então preparei esse sumário para você ter uma prévia do que irá encontrar:

— Introdução: A androfilia nativa brasileira no contexto nativo americano

— Homossexualidade indígena no Brasil: Um apanhado histórico do século XVI ao XXI e origem homossexual do homem na mitologia tupi-guarani

— Outros mitos andrófilos na mitologia nativa brasileira: Um resumo de alguns mitos e lendas indígenas em que ocorre homossexualidade e homoafetividade masculinas

— Contato com o mundo "civilizado": Os efeitos frequentemente perniciosos do contato branco-cristão-ocidental com os povos originários no que concerne à homoafetividade

Introdução

Culturas nativas americanas em geral veem o sexo como uma dádiva divina para os homens e os animais usufruírem livremente, desde os jovens até os mais velhos. Os adultos são mais propensos a encarar as brincadeiras sexuais das crianças com diversão do que com alarme. Em geral, as religiões nativas valorizam grandemente a liberdade dos indivíduos em seguir suas próprias inclinações e compartilhar generosamente o que têm com os outros. Esse foco na liberdade é exemplificada por suas atitudes com os desejos sexuais, incluindo as inclinações de certos indivíduos pelo erotismo do mesmo sexo.

Homens indígenas potiguara da Paraíba
Homens potiguara (Paraíba)
O sistema dual de casamento (promover relacionamentos íntimos entre gêneros diferentes) e amizade (promover relacionamentos íntimos do mesmo sexo) funciona para manter sociedades tribais unificadas. Como relacionamentos extremamente íntimos entre dois "irmãos de sangue" são enfatizados, esse contexto permite que comportamento homossexual privado ocorra sem atrair atenção. Por esse papel do sexo em promover laços de amizade ser tão aceito, existe relativamente pouca informação sobre esse tipo de atividade casual do mesmo sexo. Isso demonstra que o papel do sexo em promover ligações interpessoais íntimas é, com frequência, tão importante para uma sociedade quanto o papel do sexo como meio de reprodução. Enquanto a ideologia cristã afirma que o único propósito do sexo é a reprodução, essa claramente não é a visão de muitas religiões nativas das Américas, incluindo as do Brasil.

Além de seu papel nas amizades do mesmo sexo, o comportamento homossexual entre muitas tribos nativas também é reconhecido na forma de casamentos do mesmo sexo. No entanto, o propósito do casamento é promover laços estreitos entre pessoas de gêneros diferentes, para que um dos cônjuges possa se concentrar no trabalho "masculino" (principalmente caça e guerra), enquanto o outro no trabalho "feminino" (principalmente coleta de plantas e agricultura). Essa divisão de trabalho por gênero não é absoluta, visto que o preparo da comida, o trabalho doméstico, os cuidados com os filhos e o artesanato variam de acordo com a cultura e até mesmo com a preferência individual. Essas atividades são frequentemente compartilhadas por ambos os cônjuges. No entanto, um dos principais propósitos do casamento é fornecer carne e vegetais para a sobrevivência da família e para a criação dos filhos.

Homem indígena brasileiro
Homem indígena brasileiro (ignoro etnia)
Com os cônjuges complementando os papéis laborais um do outro, não é surpreendente que o casamento entre dois homens masculinos (ou duas mulheres femininas) seja desaprovado. No entanto, em vez de proibir completamente os casamentos do mesmo sexo, muitas culturas nativas americanas reconhecem os casamentos homoafetivos quando um dos parceiros assume um papel de gênero alternativo. Assim, espera-se que um homem feminino se case com um homem masculino (enquanto uma mulher masculina provavelmente se casaria com uma mulher feminina). Com essa conformação, o aspecto misto do casamento pode ser preservado, ao mesmo tempo que permite que aqueles com inclinações homossexuais realizem seus desejos eróticos. (Human Sexuality: An Encyclopedia: "Berdache and Amazon roles")

Mas, mesmo que não lhes seja permitido se casar, homens masculinos que se relacionam entre si podiem continuar com esse relacionamento, até mesmo se recusar a se casar com uma mulher ou com um homem feminino. Eles, em geral, continuariam a morar na casa da mãe, já que, para as tribos, não faria sentido um casamento entre pessoas exercendo o mesmo papel de gênero, como veremos mais a seguir, ao falarmos especificamente de androfilia nativa brasileira, em alguns momentos entremeada com mitos de amor e sexo entre homens.

Homossexualidade indígena no Brasil

Há muitos anos tenho pesquisado sobre o tema da homoafetividade entre homens indígenas no Brasil, mas quase sempre me deparava apenas com o estereótipo do "homem andrógino vivendo como fêmea para homem macho", e por muito tempo não pude encontrar nada especificamente sobre androfilia (atração entre homens masculinos) nessas sociedades tradicionais ou em seus mitos. Mas, felizmente, esse cenário tem se transformado em anos recentes, com pesquisas como a do artigo de Estevão Rafael Fernandes, Homossexualidade indígena no Brasil: Um roteiro histórico-bibliográfico, publicado em Revistas UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso), cujos trechos de meu maior interesse eu trouxe aqui, tecendo alguns comentários quando achei pertinentes (os grifos são meus). Você pode encontrar o estudo completo (são só 25 páginas) aqui, cuja leitura integral eu amplamente recomendo.

A homossexualidade indígena aparece de múltiplas formas em diversas fontes desde o início da colonização do Brasil. Autores como Gaspar de Carvajal (1540), Padre Manuel da Nóbrega (1549), Padre Pero Correia (1551), Jean de Léry (1557), Pero de Magalhães Gandavo (1576) e Gabriel Soares de Sousa (1587) fazem referência à homossexualidade indígena, especialmente entre os Tupinambá.

Pero Correia, por exemplo, em carta escrita em São Vicente em 1551 “para os irmãos que estavam em África” escreve logo no início de sua missiva que

Escrevam-nos mais a miudo, como se hão em todas as cousas, para que saibamos cá como nos havemos de haver em outras semelhantes, porque me parece que estes Gentios em algumas cousas se parecem com os Mouros, assi em ter muitas mulheres e prégar polas manhãs de madrugada; e o peccado contra a natureza, que dizem ser lá mui commum, o mesmo é nesta terra [...].

Gabriel Soares de Sousa [1587], por sua vez, dedica todo um capítulo ao tema (“Que trata da luxúria destes bárbaros”):

São os tupinambás [...] muito afeiçoados ao pecado nefando, entre os quais se não têm por afronta; e o que se serve de macho, se tem por valente, e contam esta bestialidade por proeza; e nas suas aldeias pelo sertão há alguns que têm tenda pública a quantos os querem como mulheres públicas.

Piatã (Rodrigo Simas) em Novo Mundo
Rodrigo Simas como Piatã em Novo Mundo.
Ator bissexual é descendente de indígenas
Em comum nas narrativas mencionadas, o olhar abjeto, servindo como uma das justificativas para a colonização, fazendo uso sobretudo da conversão a partir do medo.

Outra referência interessante é o texto intitulado “Noticia sobre os Indios Tupinambás, seus costumes, etc. extractada de um manuscripto da Bibliotheca de S.M. o imperador”, publicado no primeiro número da Revista do Instituto Histórico e Geographico do Brazil1, escrita por Gabriel Soares de Sousa, autor do Tratado descritivo do Brasil (1587):

Não satisfeitos com esta vida de brutos, nem bastando esta liberdade para saciar a vontade venerea, são incessantemente dados ao peccado de sodomia, tendo-se por mais graves os que mais a frequentam; e não admitindo differença entre agente e paciente; motivo por que com a mesma publicidade o executam. Como a natureza humana não tem forças naturaes para suportar um tão continuado excesso, a ajudam estes gentios com unções, e refeições de certos oleos e hervas, em que a malicia tem descoberto virtude para este auxilio; e na verdade coopera muito para o seu intento. Mas a mesma natureza depravada os affrouxa, debilita e os mata esfalfados, posto que satisfeitos com as proezas que fizeram.

Fernandes conta que só encontrou relatos de homossexualidade indígena nesse tom mais condenatório, incluindo o da bárbara execução do Tibira do Maranhão contado pelo padre capuchinho francês Yves D’Evreux (talvez em breve eu faça um texto sobre este caso), até 1639, só voltando a encontrá-los a partir de 1795, com um tom (nem sempre) menos condenatório moralmente e mais pragmático, ainda que não necessariamente neutro.

Assim, temos na época registros como os de Francisco Rodrigues do Prado (militar) sobre os Guaykuru (em 1795, referido aqui como Rosário, 1839), Adolfo de Varnhagen (militar e historiador) sobre os Tupi (Varnhagen, 1854) e Couto de Magalhães (militar e etnógrafo) sobre a homossexualidade indígena entre os Karajá, Chambioá, Curajahis e Javaé (Magalhães, 1876).

Varnhagen, em seu célebre História Geral do Brasil, cujo primeiro tomo foi publicado em 1854, indica que:

Os invasores bárbaros [o autor refere-se aos Tupi] traziam comsigo bastantes germens de discordia, que vieram a dar mui sasonados fructos venenosos nas suas novas terras. Apenas uns venciam, vinham outros arrancar-lhes das mãos a palma da victória, e as hostilidades e vicios não tinham fim. Entre os ultimos era sobretudo lamentavel a paixão com que se davam ao peccaminoso attentado que o Senhor condemnou em Sodoma, vicio infame que alêm de ser degradante para o homem, tanto contribuaia a que a população se diminuisse cada vez mais, em vez de augmentar-se.

Outros etnógrafos do período (fim do século XIX, início do século XX), ambos alemães, virão a descrever práticas homossexuais nas aldeias brasileiras: Karl von den Steinen entre os Bororo ([1894] 1916) e Curt Nimuendaju, sobre a mitologia Apapocuva-Guarani (1987 [1914]) e sobre os Tikuna (1952), a partir de um texto de Günter Tessmann.

Steinen, em uma bela descrição indica que

Quão elegante e nitidamente os homens trabalhavam, - notava-se principalmente no arranjo das flechas. Havia ahi muitas habilidadesinhas, que parecia mais natural devessem ser confiadas ás delicadas mãos femininas. Por exemplo, o adôrno feito de miudinhas e variegadas pennugens, que eram postas uma a uma no chão e meticulosamente arranjadas. E mesmo uma roda de fiandeiras não se podia mais tagarellar e rir do que ahi no baíto! Certamente era pouco feminino, quando, de repente, para variar, levantavam-se dous dos trabalhadores, offerecendo o espetáculo de uma regular lucta corporal, que os outros accompanhavam com o maior interesse. Erguiam-se, luctavam, derrubavam-se e continuavam depois o seu trabalho, ou deitavam-se para o dolce far niente. Pois nunca faltavam preguiçosos e indolentes; muitas vezes encontravam-se tambem pares enamorados, - posto que as mulheres não apparecessem alli, - que se divertiam debaixo de um commum cobertor vermelho. Ninguem se incomodava com isso, excepto alguns amigos atormentados pelo ciume e que haviam de contentar-se com o poderem sentar-se ao lado do casal e palestrar com este.

[Robert] Carneiro (1958) aponta como as crianças Kuikuru do mesmo sexo podem ser vistas brincando de sexo. Já [Robert] Murphy e [Buell] Quain (1955) mencionam a existência de relações sexuais entre garotos e homens entre os Trumai, sem que uma eventual ereção seja digna de maior atenção por parte dos observadores.

O autor segue relatos registrados ao longo do século XX sobre "homens-mulheres", homens que são inábeis na caça e, portanto, recusam-se o uso do arco (homem=caçador=arco) e preferem o manuseio da cesta (mulher=coleta=cesta), e, portanto, não participam mais do mundo masculino, passando a ser considerado mulher, porque uma terceira opção não há; ou se é homem ou se é mulher (não existe meio-termo, terceiro sexo, ou "hermafrodita"), e o gênero é definido pelo papel social do indivíduo na aldeia. Entre os guayaki, esses "homens-mulheres" são chamados de kyrypy-meno ("ânus-fazer amor").

Ubirajara (Allan Souza Lima) e Piatã (Rodrigo Simas) em Novo Mundo
Novo Mundo: Piatã (Rodrigo Simas) confessou a Ubirajara (Allan Souza Lima) que é incapaz de caçar por não querer matar animais. Isso faria dele um "homem-mulher", mas ele prova sua masculinidade ao longo da trama até se tornar o cacique da aldeia

Como se vê, assim como na maioria das sociedades tradicionais ao redor do mundo e ao longo da história humana, homens que assumem o papel receptivo numa relação homossexual são considerados "mulheres" entre as tribos indígenas brasileiras: em algumas esses "homens-mulheres" convivem com as mulheres, fingem menstruar e até podem "engravidar", algo que alcança inclusive a mitologia de alguns desses povos, que consideram que originalmente só existiam homens no mundo, as mulheres surgindo posteriormente.

Antes de prosseguir, vou colocar aqui o início de alguns mitos indígenas sul-americanos sobre a origem da mulher conforme registrados por Lévi-Strauss (páginas 112 a 115), que serão citados pouco em seguida, os quais contam que, no início, havia apenas homens, e, ao menos no mito brasileiro, eles faziam amor entre si:

  1. Versão do povo xerente (Brasil [Tocantins]): Antigamente não existiam mulheres, e os homens eram homossexuais. Um deles ficou grávido e, como não podia parir, morreu.
  2. Versão do povo toba-pilaga (Argentina, Paraguai, Bolívia): Antigamente, os homens costumavam caçar e colocar as provisões de carne no telhado das casas. Um dia, quando eles estavam fora, as mulheres, cuja existência eles ignoravam, desceram do céu e roubaram toda a carne.
  3. Versão do povo mataco (Argentina, Bolívia, Paraguai): Antigamente, homens eram animais que falavam. Eles não tinham mulheres e se alimentavam dos peixes que pescavam em grandes quantidades.

Poucos anos depois é publicado texto sobre os Tapirapé no qual [Charles] Wagley (1977) menciona que homens, no passado, manteriam sexo anal com outros homens, de quem seriam os favoritos e a quem acompanhariam nas caçadas.

Ainda que não houvesse nenhum desses indivíduos vivo quando realizou seu trabalho de campo, seu informante teria lhe fornecido o nome de cinco deles, os quais permitiriam que os homens mantivessem sexo anal à noite, na Casa dos Homens. O pai de seu informante havia lhe dito que um desses homens teria nome de mulher e faria trabalho de mulher, e esse “homem-mulher” [manwoman] teria morrido por estar grávido: “seu estômago inchou, mas como não havia útero, não havia como o bebê nascer”. Wagley registra que nenhum de seus informantes jamais havia ouvido falar de uma mulher que mantivesse papel masculino ou preferisse sexo com outra mulher (Wagley, 1977). Como vimos, a menção que Wagley faz a um homem grávido vem a somar-se àquela, já citada aqui, escrita por Lévi-Strauss, em sua descrição sobre o mito Xerente de origem das mulheres, ao escrever que “antigamente não existiam mulheres, e os homens eram homossexuais. Um deles ficou grávido e, como não podia parir, morreu” (Lévi-Strauss, 2004 [1964]), ou daquela descrita por Jerá Guarani adiante.

Passam-se na rede as relações descritas por [Christine] Hugh-Jones entre os Barasana (Tukano):

Meninos que se aproximam da iniciação são envolvidos às vezes em provocações homossexuais que ocorrem em público nas redes: essa brincadeira é mais comum entre jovens iniciados, mas solteiros, de grupos exogâmicos separados. (1979)

A questão do preconceito, ou não, dos indígenas homossexuais (dentro e fora de suas aldeias) começa a aparecer em relatos mais recentes sobre o tema. Para Torrão Filho (2000), por exemplo, entre os Tupinambá os homossexuais apenas eram alvo de discriminação quando não desempenhariam as obrigações masculinas de caçar e guerrear, mas nunca por suas preferências sexuais.

Homem indígena brasileiro
Homem indígena brasileiro (ignoro etnia)
O que se pode inferir do exposto acima é que, entre os barasana (tukano), contatos homossexuais são comuns entre os jovens solteiros, sobretudo de grupos (aldeias) separados, provavelmente como forma de reforçar os laços entre esses grupos, assim como com os casamentos (não sei se há casamentos homoafetivos entre os barasana); e, entre os tupinambá, homens masculinos (isto é, homens que se dedicam às atividades masculinas, como a caça e a guerra) podem se envolver em relacionamentos homossexuais, mas quando deixam de cumprir suas obrigações masculinas eles são discriminados, passando a ser chamados de tivira ou tibira (do tupi-guarani tevi, "ânus"), termo por vezes utilizado como ofensa, segundo Torrão Filho:

Havia mesmo homens passivos que mantinham cabanas próprias para receberem seus parceiros e muitos possuíam “tenda pública”, recebendo outros homens como se fossem prostitutas. Aqueles que eram ativos chegavam a vangloriar-se destas relações, considerando-as sinal de valor e valentia, embora o termo tivira ou tibira fosse, por vezes, utilizado como ofensa. (TORRÃO FILHO, 2000)

Outra referência sobre o assunto é o texto de José Silvério Trevisan (Devassos no paraíso: A homossexualidade no Brasil, da Colônia a atualidade), no qual são mencionadas as “práticas homossexuais” entre os Krahó (cunin, p. ex. “fazer cunin”):

Sérgio [estudante de filosofia, que trabalhava para a Funai como professor e enfermeiro] contou que, à noite, acordava frequentemente com ruídos de solteiros bolinando-se no kó, onde dormem agarrados e abraçados. Quando se trata de transar, os rapazes preferem ir para o mato. Sérgio tornou-se amigo de um belo índio kraô de 15 anos, que incansavelmente e de maneira bem explícita o convidava para “fazer cunin”: “Eu ponho na sua bunda e depois você põe na minha” (...) Certa vez, ele interrompeu uma aula de português que Sérgio dava aos garotos e, em público, mostrou-lhe seu pinto duro, convidando-o mais uma vez para fazer cunin, enquanto ele próprio e os demais índios riam divertidos. (...) em contrapartida, quando abraçou pelos ombros um motorista da Funai, o índio foi enxotado: “Isso não é hora de macho estar me abraçando”, retrucou o motorista branco, irritado. (TREVISAN, 2004; apud ALEXANDRINO, 2009)

Parece que entre os krahó (povo que vive no Tocantins e partes de Maranhão e Piauí) a penetração anal não define papel de gênero entre os homens, segundo podemos inferir do recente relato acima, e um garoto ou homem pode cambiar entre os papeis insertivo e receptivo sem isso, aparentemente, intereferir em sua visão da masculinidade.

Sobre os Guarani, [Cristina Donza] Cancela et al (2010) apontam que entre os Guaranis Mbyás o termo para homens homossexuais [receptivos] é guaxu. O mesmo trecho aparece na entrevista com a líder e professora Jerá Giselda Guarani,

Ele é guaxu, como nós chamamos a homossexualidade. Em nenhum momento ele quis esconder isso. E foi acolhido mesmo entre os homens. Ele gosta muito de um mito Guarani: guando Nhanderu criou o mundo, fez os homens primeiro. E aí um dia disso para o filho: “vai lá na terra ver como o povo está.” E aí o filho de Nhanderu veio e viu que os homens estavam namorando. E tinha um homem grávido. Aí ele volta para o pai e relata o que está acontecendo. E aí o pai diz: “volta lá e cria um parceiro para esses homens, uma mulher lá na terra.” E aí ele veio e gerou a mulher. E o homem grávido falou assim: “E eu? E agora?” “Não. Você não vai ter o seu filho aqui. Nhanderu fez uma morada sagrada para você ficar lá.” E aí ele aceitou. E até hoje ele está lá, em uma morada sagrada. E aí eu digo brincando para o gringo: “Está vendo! Gay também existe no mundo dos Guaranis desde que o mundo é mundo! Tem um até grávido!” (TRAULITO, 2010)

Segundo [Natalia K. de] Canese (2000) guaxu quer dizer “veado”, o que nos permite entender o termo - e não necessariamente a prática - como algo surgido a partir do convívio com o não-índio. Entre os Xavante testemunhei algo parecido: os mais jovens usam o termo ponere (“veado do campo”) para referirem-se jocosamente aos homossexuais não-indígenas ou de outras etnias, sendo que os mais velhos recusam tal conotação. No Brasil “veado” é um termo tabuizado para referir-se aos homossexuais do sexo masculino, de modo que seu uso – mesmo que na língua nativa – nas aldeias parece ir ao encontro do proposto aqui: a estigmatização da homossexualidade entre povos indígenas no Brasil se dá no âmbito do processo de colonização das sexualidades indígenas.

Eu fiquei fascinado ao conhecer essa versão do mito Guarani (e as dos outros povos sul-americanos) da origem do homem pelo deus criador Nhanderu ("Nosso Pai"), também conhecido como Nhanderu Tenondé ("Nosso Primeiro Pai"), Nhanderuetê ("Nosso Pai Verdadeiro"), Nhanderuvuçú ou Nhanderuguaçu ("Nosso Grande Pai"), Nhamandu, Nhandejara ("Nosso Senhor"), a entidade mitológica mais importante dos povos tupi-guarani. Outros grandes deuses também são chamados de Nhanderu, tais como Nhanderu Kwaray (Nosso Pai Cuaraci, o Sol) e Nhanderu Yacy (Nosso Pai Jaci, a Lua). A forma feminina de Nhanderu é Nhandeci ("Nossa Mãe"), como os guarani se referem à Mãe Terra.

Rapazes pataxó
Rapazes pataxó (Bahia)
No início éramos apenas os homens criados por Nhanderu (o Tenondé, isto é, o Primeiro, o Criador) vivendo neste mundo, ainda não existia a mulher. Nhanderu enviou seu filho (talvez Cuaraci, o Sol?) para ver como estávamos, e ele viu que gostávamos de namorar. Até aí tudo bem, era bonito, era prazeroso, pois que nossos corpos e o bem que podemos ter deles são uma dádiva do Criador. O problema foi quando um desses homens engravidou, certamente um "guaxu" ou "tibira", um homem que usa o ânus para o prazer sexual. Como não podia dar à luz, pois um homem não é equipado com uma passagem grande o suficiente para parir um bebê, Nhanderu o levou para viver numa "morada sagrada", provavelmente no Céu, onde poderia viver indefinidamente ("E até hoje ele está lá", como disse Jerá Guarani) sem nunca dar à luz, ou pelo menos o mito narrado por ela não diz se isso chegou a acontecer.

Ainda quanto aos Mbyá (Guarani), escreve Ladeira:

Não teríamos condição, nem é nosso objetivo neste trabalho, discorrer sobre a questão do homossexualismo [sic]. Talvez caiba aqui apontar que o homossexualismo entre os Mbya se traduz tão somente na preferência sexual de parceiros do mesmo sexo. É prática comum, principalmente na infância e adolescência, e não discriminada. Aqueles que depois de adultos preferem manter relações com parceiros do mesmo sexo, e que não querem se casar, não precisam necessariamente cumprir as funções do sexo oposto. Como não faz sentido o casamento homossexual, eles permanecem, quase sempre, na casa da mãe. Somente tive conhecimento de um caso de homossexualismo masculino em adulto. (LADEIRA, 2007)

Como para haver casamento um dos dois homens necessariamente precisaria assumir o papel de mulher na relação segundo os costumes do povo, quando dois homens masculinos (isto é, caçadores e guerreiros, portadores do arco) querem manter um relacionamento amoroso, a eles isso é permitido, e não é discriminado, apenas não poderão se casar conforme a tradição porque o lar ficaria incompleto sem uma "figura feminina".

Piatã (Rodrigo Simas) em Novo Mundo
Piatã (Rodrigo Simas) com seu arco e outros homens indígenas em Novo Mundo

Um depoimento ouvido por mim por um jovem Kaxinawá em agosto de 2014:

Bom, no tempo que vivi na minha aldeia existiam alguns homossexuais assumidos! Travestis, desconheço! Em relação ao preconceito, não me recordo de ter presenciado ou ter ouvido sobre. Na adolescência, não sei se é uma regra, mas me relacionei com alguns garotos, mas eles não necessariamente sejam homossexuais hoje! Na minha língua, quando se refere a um homossexual, fala-se "huni aimbu". Huni, significa homem. Então, numa tradução direta ficaria "homem-mulher" [ou,] "o homem que é mulher".

No trecho acima a fala do jovem entrevistado pode parecer confuso, de início (corretamente) distinguindo homossexuais de travestis, mas no final fala que homossexuais são "huni aimbu", "homem que é mulher"; podemos entender aqui que os "huni aimbu" são homens que fazem o papel de mulher, sem necessariamente assumirem a aparência de mulher (trajes, pintura corporal, adereços). Além disso, ele confirma que interações homossexuais entre os homens de seu povo não necessariamente significa que eles sejam homossexuais/"huni aimbu" (ou pelo menos não se veem como tais), exceto se assumissem o papel de mulher na sociedade, o que parece não ter sido o caso dele e de seus parceiros sexuais masculinos da adolescência.

Outras análises recentes também apontam para práticas homossexuais entre os Karajá (Macro-Jê), grupo da mesma família linguística dos Xambioá (mencionados aqui a partir de Couto de Magalhães, 1876). Entre os Karajá, Torres (2011) aponta, partindo do relato de uma enfermeira, que “entre os Karajá tem muitos bissexuais, é muito comum encontrar homem casado que mantém relações sexuais com vários outros homens, os que se assumem como homossexuais nas aldeias são muitos, eles sempre têm 5, 6 casos com homens casados nas aldeias.”

Um pouco mais à frente, outro trecho interessante:

[...] um texto produzido recentemente por Manuela Lavinas Picq (professora na Universidade San Francisco de Quito, Equador) e Josi Tikuna (aluna de Antropologia no Instituto de Natureza e Cultura, da Universidade Federal do Amazonas), intitulado Sexual Modernity in Amazonia (“Modernidade sexual na Amazônia”). Neste texto as autoras apontam, por exemplo, como as regras Tikuna respeitam casais do mesmo sexo, sendo o casamento algo necessariamente entre pessoas de diferentes clãs, não importando se são, ou não, de sexos diferentes. Desta maneira, os autores que buscaram compreender as regras de casamento naquele povo erraram por não haver percebido as uniões homoafetivas como permitidas. Mais que isso, o texto indica que, para as mulheres Tikuna, “a diversidade sexual é intrinsecamente indígena, enquanto a discriminação sexual foi trazida pelas igrejas evangélicas”, incutindo aí a ideia de que tais uniões seriam pecaminosas. Desta forma, as Ngüe Tügümaêgüé (mulher que faz sexo com outra mulher) e os Kaigüwecü (homem que faz sexo com outro homem) seriam associados à poluição e abominação.

Outros mitos andrófilos na mitologia nativa brasileira

Infelizmente são pouquíssimos os mitos e lendas brasileiros que nos mostram algo a respeito de amor, desejo e sexo entre homens. Não que eles não existam, ou não tenham existido, mas sim porque, muito provavelmente, a mitologia indígena brasileira, sendo passada oralmente de geração em geração, teve muitos de seus preciosos elementos ignorados ou simplesmente combatidos por aqueles que se dedicaram a registrá-los: homens brancos (geralmente) cristãos e (frequentemente) homofóbicos e racistas, desde os jesuítas do período colonial, passando pelos exploradores europeus no Brasil Império até, modernamente, os estudantes universitários (que, a essa altura da história, tentam costurar uma imensa colcha de retalhos cheia de buracos que dificilmente podem ainda ser tapados) e religiosos evangélicos (que sistematicamente trabalham para aumentar ainda mais o tamanho e a quantidade desses buracos, destruindo as culturas e a história de diversos povos indígenas brasileiros, estejam eles próximos ou afastados dos centros urbanos).

Porém, com muita paciência e persistência, às vezes conseguimos encontrar alguns desses retalhos espalhados aqui e ali, pedindo para serem costurados de volta para que suas estórias possam ser contadas novamente.

Homens indígenas reunidos para a cerimônia do Jurupari
Homens dessana-tukano reunidos para a cerimônia do Jurupari na Casa dos Homens (vídeo abaixo)
É o caso do grande deus Jurupari — lindíssimo filho do Sol (Cuaraci) nascido da virgem Ceuci —, a deidade mais cultuada no Brasil (ou melhor, em Pindorama, da Amazônia até a região Sul, passando por todo o litoral e várias regiões do interior) antes que os europeus transformassem o nosso país "no maior país católico do mundo". Jurupari, que rejeitava a companhia de mulheres (elas não podiam sequer tocá-lo) e trazia consigo um séquito exclusivamente de homens, instituiu a "Casa dos Homens" em cada aldeia que sua religião alcançou, onde são guardados os instrumentos sagrados do Ritual de Jurupari (as flautas e máscaras de Jurupari) e é proibida a presença feminina, sob pena de morte, e onde, como já vimos mais acima, é comum que homens, dormindo à noite nelas, se entregam ao desejo e praticam sexo entre si num ambiente completamente masculino, homossocial e, em consequência, homoerótico. É o mesmo processo que ocorreu na Grécia antiga com os ginásios, espaços onde rapazes e homens se reuniam para práticas atléticas e filosóficas num ambiente vedado às mulheres, onde ficavam inteiramente nus e os namoros entre eles geralmente começavam.


Curupi
ou Kurupi, um dos sete "monstros" lendários da mitologia Guarani do sul do Brasil, Paraguai e nordeste da Argentina, é o deus da sexualidade e da fertilidade. A sua característica mais marcante é ter um pênis excepcionalmente longo, tão comprido que ele o mantém enrolado na cintura ou em seu tronco. De apetite sexual insaciável, ele costuma atacar homens (indígenas ou não) que saem para caçar nas noites de Lua cheia (quando é mais fácil avistar as presas), e, mais raramente, mulheres (pois estas não costumam vagar à noite pelas matas), sendo, entre estas, suas vítimas preferidas as moças virgens.

Ataíde, nas lendas do Pará, era originalmente um homem ("caboclo" ou "negão pescador") que se saciava sexualmente com homens e mulheres, causando tanto rebuliço com seus "prodígios" que acabou sendo banido da cidade. Daí surgiu a lenda do encantado chamado Ataíde, um homem grande, peludo e com um pênis enorme que seduz homens e mulheres. Como protetor dos mangues paraenses, ele pune com violência, geralmente sexual (usa seu pênis descomunal como arma, tal qual o Priapo grego), aqueles que ameaçam a vida selvagem da região.

Cuaraci e Jaci, de Mari Morgan
Cuaraci e Jaci, arte de Mari Morgan
Cuaraci (Kwarasy/Kuarahy/Kuaray/Guaracy/Guaraci), o irmão maior ("guyke'y"), e Jaci (Jasy/Jacy/Yacy/Jachy/Jachyrã), o irmão menor ("tyvy"), são respectivamente o deus Sol e o deus Lua da mitologia tupi-guarani. A versão mais antiga de Jaci como deusa feminina encontrei em O Selvagem (1876) de Couto de Magalhães, talvez porque "Lua", em português, seja uma palavra feminina e assim ele considerou essa deidade masculina, e a popularidade do romance Macunaíma (1928) de Mário de Andrade, onde Jaci é a deusa adorada pelas Icamiabas, as amazonas brasileiras, trouxe essa versão para a cultura popular, mas os povos tupi-guarani, em verdade, consideram Jaci um deus masculino, irmão mais novo de Cuaraci (na versão dos Apapocuva, guaranis do Mato Grosso, eles são gêmeos, mas ainda assim são chamados de "nhanderykey" [nosso irmão maior] e "tyvyry" [irmão menor]). Na cultura popular, diz-se que os irmãos Cuaraci e Jaci (aqui uma deusa) foram unidos em amor por Rudá. Fora Couto de Magalhães em seu livro, e no de Mário de Andrade (que parece ter usado o livro de Magalhães para o relato dos mitos em seu Macunaíma), desconheço qualquer outra fonte confiável mencionando o deus do amor, que Couto de Magalhães chama de Perudá ou Rudá, um guerreiro que vive nas nuvens e diz ser o terceiro da tríade de grandes deuses junto de Guaracy e Jacy, mas nada diz que ele os uniu em amor. Contudo, se na cultura popular é dito que Rudá uniu os irmãos deus Sol e "deusa" Lua em amor, por que não podemos entender o mesmo considerando Sol e Lua como ambos do sexo masculino?

Há ainda a lenda de Cobra Norato na Amazônia. Embora não haja romance explícito, quando lemos a estória de que a única pessoa que aceitou ajudá-lo a deixar de ser cobra e se transformar definitivamente em homem foi um corajoso soldado com quem o bondoso Norato (ou Honorato) fez amizade numa noite de festa na cidade paraense do qual ele decidiu morar pelo resto de sua vida (com o soldado?), ficamos a imaginar certos detalhes que a lenda não conta, mas nossa imaginação faz o trabalho de preencher. Raríssimos são os contos de homens salvando outros homens de dragões/serpentes/monstros (lembro-me apenas de dois da mitologia grega [Euríbaro e Alcioneu, Menestrato e Cleóstrato], e em ambos os heróis são apaixonados pelos "donzelos" em perigo), sendo geralmente um herói resgatando uma mocinha, e eles sempre se apaixonam em seguida, então é difícil pensar algo diferente de Norato e seu heroico "amigo".

Os guacaris, guacarás ou huacaris, uma tribo lendária da região amazônica relacionada à também lendária tribo das icamiabas, as amazonas brasileiras. A lenda não diz explicitamente, mas os guacaris são certamente uma tribo inteiramente masculina, assim como as icamiabas são uma tribo inteiramente feminina, em que os dois povos precisam se encontrar anualmente para se reproduzir e manter as duas tribos vivas (tal qual os gargareus e amazonas da mitologia grega). Da mesma forma que entre as icamiabas há aquelas que fazem os trabalhos femininos (coleta e agricultura) e outras que se dedicam aos trabalhos masculinos (caça e guerra), o mesmo podemos inferir dos guacaris. Casamentos do mesmo sexo devem ser comuns nas duas tribos, como já sabemos de diversos povos nativos do Brasil. A lenda das icamiabas e dos guacaris é intimamente ligada à de Jurupari, sobre a qual falarei em uma ocasião futura.

Parece muita informação tudo isso aí, não é mesmo? Mas não se engane; são apenas resumos de versões homoeróticas desses mitos que pretendo explorar mais, separadamente, em futuros artigos aqui no blog, com as devidas referências (algo que lamento não encontrar em quase nenhum site dedicado aos mitos brasileiros). Aguardem.

Contato com o mundo "civilizado"

Rapaz pataxó
Rapaz pataxó (Bahia)
Enquanto a pesquisa de Estevão Rafael Fernandes traz relatos de homossexualidade indígena brasileira ao longo da história até o século XXI, eles estão circunscritos às vivências tradicionais de seus respectivos povos, apenas tangencialmente envolvendo a influência da cultura não-indígena brasileira, a predonimante em nossa sociedade.

Como qualquer pesquisa rápida em sites de busca na internet pode nos mostrar, a situação de pessoas homoafetivas em territórios indígenas urbanizados e/ou com a presença de pessoas não-indígenas, sobretudo religiosos evangélicos, é flagrantemente terrível. Além do preconceito que enfrentam por serem indígenas, também o enfrentam, dentro e fora das aldeias, por serem homossexuais, sendo tratados como anormais, responsáveis pelo atraso de seu próprio povo por não se reproduzirem, levando ao êxodo e ao suicídio de homens e mulheres, jovens e adultos, que não se enquadram na heteronormatividade branco-cristã imposta a suas culturas. Muitas populações indígenas, influenciadas por evangélicos neopentescostais, rejeitam a homossexualidade como algo natural em seu povo, e culpam o "pecado" como trazido pelo contato com o homem branco, um processo de internalização da homofobia nas sociedades tradicionais que permanece mesmo depois que estas não estão mais sob o jugo exterior, algo que também já foi visto em vários outros lugares do mundo outrora colonizados pelos cristãos europeus na África e na Ásia. Você pode ler mais a respeito nessa matéria do G1.

Espero que vocês tenham achado interessante esse apanhado que fiz sobre androfilia indígena no Brasil e que lhes tenham aberto os olhos para a grande diversidade e peculiriades do amor masculino entre os nossos povos originários, ainda que eu tenha reduzido o escopo da pesquisa, pois, como é de praxe, estudos antropológicos sobre homossexualidade costumam enveredar muito para questões de gênero (como androginia, travestismo e transgenerismo, que não são foco deste blog), nem sempre, mas frequentemente, por escolha dos próprios pesquisadores.

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