Guerreiros da antiga Costa Rica faziam sexo entre si para transmitir força e virilidade

 Esta escultura pré-hispânica da Costa Rica representando um casal masculino fazendo sexo revela detalhes da antiga cultura homomasculina guerreira do país centro-americano.

Esta incomum escultura costarriquenha datada entre 1000-1500 EC mostra dois homens nus usando cocares achatados praticando sexo anal um com o outro. Esculpida em pedra de basalto, a escultura é altamente estilizada e criada de forma simples e minimalista. O homem maior está atrás, com as mãos segurando firmemente os ombros do homem menor; ambos têm os pênis eretos, revelando excitação sexual mútua. Tal pose gera a sensação de tensão, mais um jogo de poder entre os homens do que a conotação sexual.

Embora tal cena de atividade homossexual masculina possa ter uma certa conotação para as pessoas de hoje, o povo da Costa Rica antiga tinha uma interpretação bem diferente. Usar pouca roupa era um símbolo de classe alta para os costarriquenhos antigos, pois apenas as pessoas que trabalhavam no campo tinham que usar roupas para proteger suas áreas sensíveis, como a área genital.

Os costarriquenhos também consideravam o sexo como uma força imprevisível, que frequentemente leva à tensão e à destruição. Assim, o sexo era naturalmente analogizado a seres de poder agressivo, como machos humanos que frequentemente eram guerreiros, a força de combate em sua cultura.

Além disso, tal atividade tinha um significado ritualístico. Durante as cerimônias, um guerreiro forte e másculo praticava o ato sexual com outro guerreiro de menor poder para transferir sua força e virilidade.

A escultura de basalto, portanto, incorpora mais concepção e simbolismo do que apenas o sexo em si. Observando esta escultura, percebemos que o simbolismo pode ser interpretado de inúmeras maneiras, dependendo da cultura e do contexto em questão. Cabe-nos olhar além da superfície para compreender as complexidades dos sistemas simbólicos e seu uso dentro de uma determinada cultura durante um determinado período. Isso apenas expande nossa compreensão da beleza e da complexidade da experiência humana como um todo e suas infinitas expressões.

Fonte: Barakat Gallery

Figura de guerreiro costarriquenho

Há também indícios de que relações sexuais e arranjos de moradia entre homens eram permitidos na antiga Costa Rica. A respeito de um grupo da Área Intermediária do Panamá (que tinha forte ligação com a porção costarriquenha), o escritor espanhol Fernández de Oviedo, em sua Historia general y natural de las Indias (1535), escreve que homens homossexuais "não são desprezados nem maltratados por isso. Tais homens não se unem a outros homens sem a permissão de quem as possui e, se o fazem, são mortos".

Contudo, na área de influência mesoamericana, a noroeste do país atual, relações sexuais entre homens eram puníveis com morte por apedrejamento. Eu imagino que, talvez, isso tenha sido por influência dos astecas, a sociedade dominante na Mesoamérica, os quais, segundo a lei, puniam com a pena de morte a penetração anal entre homens — embora, na prática, raramente aplicavam essa lei.

Fonte: Historia prehispánica de Costa Rica (Área intermedia y Área de influencia mesoamericana)

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Se essa interpretação estiver correta, trata-se de mais um exemplo de uma cultura guerreira tradicional em que o o amor e o sexo homomasculino é considerado um veículo de transmissão de virtudes e valores viris entre um homem mais velho e outro mais jovem, tal como na Grécia antiga, no Japão pré-moderno e nas ilhas da Oceania, moldando a masculinidade dominante nessas sociedades ao redor do mundo.

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